Quando Tudo Parece Perder o Sentido – A Experiência do Vazio na Vida Adulta

Sentir que “está tudo bem”, mas ainda assim perceber que algo falta — essa é a realidade emocional de muitos adultos hoje.

Vivemos em uma era em que estar ocupado é sinônimo de sucesso. Muitas pessoas mantêm rotinas produtivas, relacionamentos estáveis, compromissos em dia — mas, no fundo, sentem-se desconectadas de si mesmas. O vazio emocional, ainda que silencioso, consome lentamente o entusiasmo, o desejo e o sentido de existir.

Esse sentimento não tem uma causa única. Pode surgir após uma grande perda, uma mudança significativa ou mesmo sem motivo aparente. Em muitos casos, está relacionado ao afastamento do próprio desejo, à repetição de escolhas que não dizem mais nada ao sujeito. É como viver em modo automático, cumprindo expectativas externas enquanto o mundo interno grita por significado.

O que a psicanálise tem a dizer sobre esse vazio?

Sob a perspectiva psicanalítica, o vazio psíquico não é um defeito ou uma falha de personalidade. Ele costuma estar ligado a faltas emocionais vividas no início da vida — momentos em que o sujeito não foi emocionalmente acolhido, compreendido ou reconhecido.

Donald Winnicott, psicanalista cuja obra norteia minha prática clínica, nos ensina que a presença de um ambiente suficientemente bom é fundamental para o desenvolvimento emocional saudável. Quando esse ambiente falha, a criança aprende a se adaptar, a agradar, a funcionar — mas se desconecta da própria essência. O adulto que vive a partir dessa adaptação pode até ter uma vida “funcional”, mas sente que algo está sempre faltando.

O sintoma do vazio como pedido de escuta

O vazio, por mais doloroso que seja, também é um sinal. Ele aponta para um movimento interno que precisa ser acolhido, nomeado e compreendido. É o sujeito dizendo a si mesmo: “algo em mim precisa ser olhado”.

Na psicoterapia, esse sentimento deixa de ser um incômodo silencioso para se tornar matéria de elaboração. O que antes era sentido como ausência começa a ganhar contorno. O paciente passa a acessar lembranças, afetos, frustrações e desejos que estavam adormecidos. E, aos poucos, o vazio começa a se transformar.

Por que não conseguimos resolver isso sozinhos?

Porque não se trata de encontrar respostas racionais ou mudar hábitos externos. O vazio não será preenchido por novas conquistas, novas metas ou novos relacionamentos. Ele só se dissolve quando conseguimos entrar em contato com aquilo que está encoberto, muitas vezes desde a infância.

A psicoterapia não oferece respostas prontas, mas oferece escuta. E é na experiência de ser escutado — talvez pela primeira vez de forma genuína — que o sujeito começa a se reencontrar.

Você merece uma vida com sentido – e isso começa dentro de você

Se você sente que está tudo bem, mas ao mesmo tempo nada faz sentido… talvez esteja na hora de parar e se escutar. O vazio pode parecer assustador, mas também pode ser o início de um novo caminho: um caminho de reencontro com o seu desejo, com sua verdade e com sua espontaneidade.

Você não está sozinho.

A escuta terapêutica pode ser o início dessa transformação.

Alberto de Moura Ribeiro
Psicólogo Clínico | CRP 06/78552
Atendimento a adolescentes, jovens e adultos
Abordagem psicanalítica com base na teoria de Donald Winnicott

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Sobre o Autor

Alberto de Moura Ribeiro é Psicólogo Clínico com mais de 20 anos de experiência no atendimento de adolescentes, jovens e adultos. Atua com base na Psicanálise, especialmente na teoria de Donald Winnicott, oferecendo escuta qualificada para quem busca compreender seus conflitos e encontrar novos caminhos.

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