Ansiedade Silenciosa — Quando o Corpo Fala o que a Mente Não Consegue Dizer

A ansiedade nem sempre grita. Às vezes, ela se manifesta em silêncios, cansaços e sintomas que você não sabe nomear.

Vivemos em um tempo acelerado, marcado por exigências, sobrecargas e cobranças. Nesse cenário, é comum que a ansiedade se instale de forma silenciosa, infiltrando-se no cotidiano sem grandes alardes. Em muitos casos, ela não aparece com sintomas clássicos, como crises de pânico ou pensamentos obsessivos. Em vez disso, se disfarça de dores no corpo, insônia, irritabilidade constante ou até mesmo daquela sensação de estar sempre cansado, mesmo após uma noite de sono.

Este tipo de ansiedade — difusa, persistente e difícil de identificar — pode se tornar parte da rotina sem que a pessoa perceba que está adoecendo emocionalmente. O corpo começa a sinalizar o que a mente ainda não conseguiu simbolizar. É como se o organismo gritasse o que o sujeito não consegue expressar em palavras.

Por que isso acontece?

Do ponto de vista psicanalítico, especialmente sob a ótica de Donald Winnicott, o sofrimento psíquico tem origem em experiências precoces que, quando não elaboradas, reverberam na vida adulta. A ansiedade silenciosa muitas vezes está ligada a falhas no ambiente primário — momentos em que o sujeito não teve seu sofrimento reconhecido ou validado emocionalmente. A ausência de um ambiente suficientemente bom impede que o indivíduo desenvolva recursos internos para lidar com o que sente.

Assim, em vez de nomear e simbolizar suas emoções, a pessoa passa a somatizá-las. O corpo torna-se palco do que não pôde ser vivido emocionalmente. E isso se manifesta de muitas formas: gastrite, tensão muscular, dores recorrentes, compulsões ou bloqueios que parecem não ter uma causa aparente.

Não é frescura. Não é drama. É sofrimento psíquico.

Muitas pessoas tentam minimizar esses sintomas ou lidar com eles sozinhas. A sociedade ainda reforça a ideia de que “precisamos dar conta”, e com isso, aprendemos a silenciar o que sentimos. Mas negar o sofrimento não o elimina — apenas o desloca para outros lugares, como o corpo.

O primeiro passo para transformar essa realidade é reconhecer que esses sinais não são exagero, mas pedidos legítimos de escuta. A ansiedade silenciosa não precisa chegar ao colapso para ser tratada. O cuidado pode — e deve — começar antes.

O papel da psicoterapia

Na psicoterapia de base psicanalítica, os sintomas são escutados como manifestações de algo que precisa ser elaborado. Em vez de buscar soluções rápidas ou técnicas de controle, o processo terapêutico se propõe a compreender o que há por trás dos sintomas: que experiências foram silenciadas? Que emoções estão represadas? Que repetições inconscientes continuam marcando a vida do sujeito?

Esse processo exige tempo, escuta e confiança. Mas é justamente nesse espaço, onde não há julgamentos nem pressa, que o sujeito pode, aos poucos, colocar em palavras aquilo que antes se manifestava apenas como dor. Ao elaborar o que sente, é possível resgatar o contato consigo mesmo, reorganizar-se emocionalmente e retomar a espontaneidade perdida.

Você não precisa saber exatamente o que está sentindo para buscar ajuda

Muitas pessoas adiam o início da terapia por acharem que “não é tão grave assim” ou que “não sabem o que dizer”. Mas a verdade é que o simples incômodo já é suficiente. Se algo dentro de você parece fora do lugar, se seu corpo dá sinais que você não entende, se o cansaço emocional se tornou constante — isso já merece atenção.

A terapia é um espaço para isso: um lugar onde até o silêncio tem sentido. Onde é possível se escutar de verdade — talvez pela primeira vez.

Você sente que algo dentro de você pede por escuta?
O cuidado pode começar agora. Envie uma mensagem e agende uma consulta hoje mesmo!

Alberto de Moura Ribeiro
Psicólogo Clínico | CRP 06/78552
Atendimento a adolescentes, jovens e adultos
Abordagem psicanalítica com base na teoria de Donald Winnicott

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Sobre o Autor

Alberto de Moura Ribeiro é Psicólogo Clínico com mais de 20 anos de experiência no atendimento de adolescentes, jovens e adultos. Atua com base na Psicanálise, especialmente na teoria de Donald Winnicott, oferecendo escuta qualificada para quem busca compreender seus conflitos e encontrar novos caminhos.

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